Seria otimismo demais esperar um grande espetáculo, ou ao menos uma disputa eletrizante, no encontro entre times que contam com defesas entre as cinco menos vazadas e ataques entre os cinco menos eficientes do Brasileirão. Nem mesmo as estreias de Renato Abreu e Leandro Amaral no Flamengo e a mudança no comando técnico do Ceará – Sérgio Araújo assumiu interinamente enquanto Mário Sérgio não chega – fizeram com que a motivação das equipes tornasse a partida mais interessante.
Os times repetiram no Maracanã as virtudes e defeitos que caracterizam suas campanhas no campeonato: razoável organização tática e defesas bem posicionadas, mas uma pobreza ofensiva que chega a ser constrangedora em alguns momentos.
Mesmo com a formação titular muito mexida, Rogério Lourenço manteve o 4-3-1-2 do Fla que foi forte pela direita com Léo Moura e Willians, mas penou do lado oposto com Renato Abreu, ainda sem entrosamento e ritmo de jogo, tendo que correr por ele e por Michael – substituto de Juan, vetado momentos antes da partida por problemas estomacais – que sentiu demais a volta à lateral-esquerda. Percebendo a dificuldade, o treinador pediu que Renato ficasse mais plantado para não sobrecarregar Angelim e Correa na cobertura.
Com os desfalques de Careca, Misael e Erick Flores – impedido de atuar por cláusula contratual – e sem poder contar com o reforço de Magno Alves, Sérgio Araújo recuou Heleno para a zaga e armou um 3-4-2-1 com boas combinações pelos flancos, especialmente pela direita com Oziel e Camilo. Michel e João Marcos garantiram a saída de bola simples e eficiente e o time visitante teve bom volume de jogo, especialmente no primeiro tempo.
Petkovic não fez grande partida. Nem ao menos repetiu as boas atuações contra Botafogo e Atlético-GO nos primeiros jogos pós-Copa. O esquema também sacrifica o craque veterano ao deixá-lo como o único responsável pela articulação. Com Renato muito recuado e a dupla de ataque desentrosada e sem dar muitas opções, o sérvio ficou encaixotado pela marcação adversária e pouco criou.
Ainda assim, foi frio e decisivo na cobrança de pênalti que não deu chances a Diego – seu ex-companheiro há pouco mais de seis meses e que podia levar vantagem por conhecer a “manha” do batedor – e decretou a vitória rubro-negra, acabando também com o jejum de três jogos sem marcar. O camisa 10 ainda obrigou o arqueiro a fazer boa defesa numa cobrança de escanteio venenosa, bem ao seu estilo, na primeira etapa. No segundo tempo, Renato soltou o pé na cobrança de falta, mas Diego estava bem colocado e espalmou. Na falta de fluência ofensiva e presença na área, o Fla apelou para a bola parada e foi feliz, ao menos no resultado.
Porque o Ceará também padece de problemas crônicos no ataque. O time toca bem, desenvolve as jogadas, mas falta contundência. Sem Misael, o alvinegro também perdeu velocidade. A equipe acabou recorrendo demais aos chutes de longe, especialmente do bom volante Michel, que Marcelo Lomba defendeu com segurança. A entrada de Geraldo na vaga de João Marcos soltou mais a equipe na segunda etapa. Porém Washington não conseguiu colocar nas redes as duas boas chances que teve depois de levar vantagem sobre o inconstante Welinton.
Acostumado a priorizar a defesa, Mário Sérgio chega com a missão de criar alternativas ofensivas para um time bem resolvido na retaguarda. Magno Alves é incógnita e falta um meia de ligação mais talentoso e confiável. Falta um Petkovic. Os sete jogos sem vitória preocupam e aumentam a impressão de que o time nordestino vai brigar mesmo no meio da tabela.
Os três pontos aliviam o atual campeão brasileiro, que não vencia há quatro partidas, mas não mascaram os muitos problemas dentro e fora de campo. O ataque segue sem solução imediata e, mesmo com a volta de Juan, o lado esquerdo deve continuar com problemas na marcação. O clima de forte disputa política também não ajuda.
A dependência de Dejan Petkovic deve prosseguir. Com bola rolando ou parada
ele faz a diferença
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